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A Colina dos Vendavais

1847

Emily Bronte

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A interpretação de qualquer texto pode revelar mais sobre quem interpreta do que quem o escreve, e a esse risco me ofereço. Li o livro, vi duas adaptações cinematográficas e li algumas críticas, apreciações e interpretações. Após essa impregnação, sou forçada a concordar com quem afirma que esta não é uma história de amor, mas de obsessão, ódio, vingança e pecado, mas também da consciência do bem e do mal, do certo e do errado. Vi nela algo mais do que a representação de seres humanos. Vi um tratamento altamente simbólico que, quer tenha sido ou não consciente, produziu em mim uma reflexão profunda.

 

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Os parágrafos que se seguem apenas farão sentido para quem já leu ou conhece minimamente a obra.

 

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HEATHCLIFF

 

A história é contada do ponto de vista de Nelly, que durante sua vida foi ama e servente em duas propriedades, a Granja dos Tordos – pertencente à família Linton – e o Alto dos Vendavais – pertencente à família Earnshaw. Hoje, isto é, no presente da narrativa, ambas as propriedades pertencem ao sinistro Heathcliff.

 

Nelly conta-nos a história de como esse órfão, acolhido pelo patriarca da família Earnshaw por caridade, veio a obter o domínio, não só das propriedades, mas até dos membros de ambas as famílias.

 

É desde o momento do acolhimento do órfão que se inicia um período de distúrbio naquela família. A primeira perturbação acontece entre Heathcliff e um dos filhos legítimos de Mr. Earnshaw, Hindley. Por algum motivo misterioso, Mr. Earnshaw tende a favorecer Heathcliff em detrimento de Hindley, o que estabelece uma relação de rivalidade violenta entre os dois rapazes. Embora esta não seja a relação principal do romance, é através dela que começamos a conhecer a personalidade de Heathcliff. Nelly relata:

 

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“nunca me afeiçoei muito a Heathcliff e muitas vezes me perguntava o que teria o patrão visto naquele rapaz intratável, que nunca, se bem me recordo, demonstrara qualquer sinal de gratidão em paga da amizade que lhe era votada. Não que Heathcliff fosse insolente para com o seu benfeitor; apenas se mostrava insensível. Sabia perfeitamente que detinha um enorme ascendente sobre o coração do patrão e que lhe bastava abrir a boca para que todos em casa fizessem a sua vontade.”

Nelly.

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Esta passagem, ainda no início da obra, demonstra que a natureza de Heathcliff está estabelecida. Ele tem um magnetismo incompreensível, que começa por captar a atenção de Mr. Earnshaw. Não chegamos a saber por que Heathcliff tem este temperamento. Podemos especular que sua orfandade e mendicidade possam ter influência, embora ao longo da narrativa se intensifique a sensação de que ele simplesmente é assim. Para mim, é mais plausível que Heathcliff tenha sido criado pela autora, não como um representante de um homem humano, maleável, passível de aprender, mudar, melhorar-se, mas como um símbolo, uma força, uma natureza já iníqua, quase diabólica, o que é corroborado por diversas citações, e parece ser sugerido desde o momento em que Mr. Earnshaw o traz para casa inesperadamente:

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“- Ainda por cima, para mal dos meus pecados! - disse [Mr. Earnshaw], abrindo o enorme casacão que trazia debaixo do braço embrulhado como uma trouxa. - Vê só isto, mulher. Nunca me senti tão derreado. Porém, só pode ser uma dádiva do Senhor, apesar de ser negro com o filho do diabo.”

Mr. Earnshaw.

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A narração de Bronte sobre esta personagem difere das adaptações cinematográficas, que tendem a sugerir que o comportamento de Heathcliff é causado pelos maus tratos de Hindley, enquanto no livro é claro que o órfão já possuía uma natureza sinistra que não se altera com as circunstâncias, apenas se intensifica.

 

 

 

CATHERINE EARNSHAW

 

Catherine é a segunda filha de Mr. Earnshaw. Estabelece quase desde o início uma relação de grande afinidade com Heathcliff, que se desenvolve numa ligação passional. As duas crianças crescem juntas, e é especialmente após a morte do patriarca que a relação se torna mais fechada e intensa. Esta união é bem representativa de uma nefasta co-dependência, como se vivessem os dois numa redoma que virá a ser parcialmente quebrada quando Catherine estabelece novas relações com os residentes da Granja dos Tordos, os Linton.

 

No processo da sua maturação, Catherine começa a ponderar mais sobre o seu futuro e reputação, o que a leva a tomar a decisão de casar com Edgar Linton. Embora haja escolhido esse destino de livre vontade, a rapariga vive na ilusão de que esse evento não deve destruir a sua ligação com Heathcliff. É desde esse momento que começamos a perceber o lado mais egoísta e manipulador desta mulher, que se sente no direito de continuar a receber a atenção e o amor de Heathcliff, enquanto está casada com outro homem.

 

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HEATHCLIFF E CATHERINE

 

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“Nelly, eu sou Heathcliff! Ele está sempre, sempre no meu pensamento, não como uma alegria, já que nem sempre sou uma alegria para mim mesma, mas como o meu próprio ser.”

Catherine Earnshaw.

 

“Como posso eu viver sem a minha vida?! Como posso eu viver sem a minha alma?!”

Heathcliff, após a morte de Catherine Earnshaw.

 

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Este relacionamento, erradamente romantizado em filmes de Hollywood, é na verdade um retrato de uma paixão egoísta e narcisista. O que eu vi neste relacionamento foi uma afinidade construída sobre a dimensão das paixões mais inferiores que habitam no seu humano, mas sobretudo, a negação da alma individual em cada uma das personagens.

 

Heathcliff e Catherine atribuem um ao outro as respectivas almas, isto é, Heathcliff vê Catherine como a sua alma, e vice-versa. Poderia isto ser um símbolo de um amor invencível, eterno e completo, à maneira gótica? Na minha visão, a maneira como a autora escolheu retratar a morte de cada um dos personagens não corrobora esse símbolo. A vida que Heathcliff leva após a morte de Catherine também sugere algo diferente.

 

Catherine e Heathcliff pensam-se como um só ser, e aqui conseguimos identificar a referência ao mito do Andrógino, retratado por Platão n'O Banquete. No entanto, as suas acções e escolhas destroem o relacionamento. Esta duplicidade, ou polaridade, sugere uma tensão entre o desejo de fusão e o desejo de individualização.

 

Esta tensão leva-me ao mito de Narciso, como contado por Ovídio em Metamorfoses. O destino trágico de Narciso foi profetizado em dois momentos da sua vida. No primeiro, a mãe de Narciso, quando o tinha ainda no ventre, consultou um oráculo para saber se o rapaz teria uma vida longa, ao que o oráculo respondeu: “Se não se conhecer a si próprio”. No segundo, é-lhe lançada uma maldição por um amante desgostoso: “Que lhe seja concedido amar e nunca possuir o ser que ama!”

 

Vejo este mito desdobrar-se na história deste casal de várias formas. Por um lado, Catherine e Heathcliff são o espelho um do outro, e embora se pensem como um único ser, nunca chegam a possuir-se um ao outro. Por outro lado, tomemos em consideração o oráculo, que afirma que Narciso viveria uma longa vida apenas se não se conhecesse a si próprio. O conhecer-se a si próprio é uma frase rica em camadas de profundidade. Podemos entendê-la apenas superficialmente, isto é, ele conheceu-se ao ver o seu reflexo físico. Mas para esta reflexão proponho uma interpretação mais profunda.

 

Conhecer-se a si próprio é também conhecer a sua alma. Vimos anteriormente que tanto Catherine como Heathcliff projetavam suas almas um no outro. Porém, eis que chega a morte de Catherine, e nos breves momentos que a precedem, vemos uma mudança tomando forma. A aproximação da morte parece trazer-lhe uma consciência de si mesma, ou talvez a consciência e descoberta de si mesma provoquem a aproximação da morte. É neste momento que profetiza a separação ontológica de Heathcliff, e consequentemente a sua própria individualização, acabando por libertar-se, pela morte, da prisão Narcísica em que vivia. Por outras palavras, conheceu-se a si própria, e portanto, morreu.

 

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“- Olha, Nelly, tu pensas que tens mais sorte que eu porque tens saúde e forças; e, por isso, tens pena de mim. Mas não tenhas, pois em breve tudo mudará. Serei eu a ter pena de ti, pois estarei incomparavelmente muito além e muito acima de todos vós.”

Catherine Earnshaw.

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Catherine morre, e é a descrição da sua morte que transmite de forma clara que o que ali aconteceu foi uma libertação, uma vitória da alma. Eis como Nelly a descreve:

 

“a [quietude] dela era de uma paz absoluta, visível na fronte serena e no leve sorriso dos lábios. Nenhum anjo no Céu era tão belo como ela. Eu partilhava a infinita tranquilidade do seu eterno repouso. Nunca o meu espírito experimentara elevação tão sagrada como agora, ao contemplar aquela imagem imperturbada do Divino descanso.”

Nelly.

 

Esta descrição é simetricamente oposta à descrição da morte de Heathcliff, como veremos a seguir.

 

 

 

HEATHCLIFF – DOMINAÇÃO E ASSOMBRAÇÃO

 

Depois de Catherine morrer, o destino de Heathcliff resume-se a levar a cabo sua vingança sobre todos ao seu redor. Consegue manter os membros das famílias Linton e Earnshaw aprisionados sob o seu domínio de diversas formas. Vive consumido pela perda de Catherine, que o leva à loucura. Esse destino é selado por ele próprio, logo após a morte da amada:

 

“- Catherine Earnshaw, enquanto eu viver não descansarás em paz! Disseste que te matei. Pois então assombra-me a existência! (…) Toma a forma que quiseres, mas vem para junto de mim e enlouquece-me!”

Heathcliff.

 

 

O SONHO DE LOCKWOOD

 

Lockwood é o novo inquilino da propriedade Granja dos Tordos. É a personagem que representa o leitor, pois é a ele que é contada a história do passado e presente dos residentes daquele território. A sua personalidade não é relevante, ele é como um receptáculo.

 

A fala anterior de Heathcliff, juntamente com o sonho de Lockwood no início do livro, leva alguns a interpretarem que Catherine permaneceu no limiar da morte como um fantasma. Porém, a descrição de sua morte sugere o término pacífico de sua vida, levando-me a acreditar que a aparição de Catherine a Lockwood é um efeito da loucura de Heathcliff e da força sobrenatural que ele exerce sobre os outros personagens, neste caso, sobre Lockwood, e não é literalmente a presença de Catherine. A minha interpretação é que este episódio não nos diz que existe um fantasma de facto, pois é explícito que se trata de um sonho.

 

Neste assunto a autora é muito ambígua. Por um lado, existe a presença, em sonho, do fantasma chamado Catherine. Porém, devemos ter em mente que existem duas Catherines neste romance – Catherine Earnshaw, e sua filha Catherine Linton. Com certeza a escolha do mesmo nome pela autora serve algum propósito.

 

Lockwood adormece no antigo quarto da falecida e sonha que alguém aparece do lado de fora da janela, pedindo para entrar. O suposto fantasma identifica-se como Catherine Linton, que é simultaneamente o nome de casada de Catherine-mãe e o nome de solteira de Catherine-filha. A aparição é uma criança. Catherine-mãe, em criança, seria mais corretamente identificada como Catherine Earnshaw, e mesmo Lockwood nota, neste momento, a estranheza perante o nome Linton, já que o que lhe estava mais presente na memória era Catherine Earnshaw. Esta espécie de fusão entre as duas Catherines sugere duas possibilidades:

 

1 – Momentos antes do sonho vemos Catherine-filha afirmar que tem feito progressos na Magia Negra. Esta afirmação é entendida por Lockwood como uma ameaça vazia, uma brincadeira sinistra, mas não chegaremos a saber se era ou não. Fica em aberto a possibilidade deste sonho brotar de uma influência sobrenatural pelas mãos de Catherine-filha.

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2 – Heathcliff, ao longo de todo o romance, exerce uma influência, por vezes incompreensível, sobre todas as personagens, e é por esse motivo que penso que o sonho de Lockwood pode ter brotado dessa influência. A passagem que o sugere é a seguinte:

 

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“Na escuridão, consegui ver um rosto de criança olhando pela janela. Então, o meu terror transformou-se em crueldade. Face à impossibilidade de me libertar daquela criatura, agarrei-lhe o pulso e rocei-o no vidro partido até o sangue começar a escorrer, acabando por molhar os lençóis.”

Lockwood.

 

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Ora, Lockwood não é uma personagem cuja personalidade importe para a conjuntura do enredo. Ele é mais como um receptáculo, é como o leitor, que chega a este espaço e se depara com esta história bizarra. Embora apareça por vezes com ares de superioridade intelectual, considero que se trata de uma forma de fazê-lo superficial, e portanto, quase ausente, a não ser como ouvinte. Por tudo isto, a “crueldade” que refere no sonho não parece ser uma característica sua, pois ela não tem nenhuma utilidade para a narrativa. No entanto, toda a crueldade representada neste romance, ou brota diretamente da personagem de Heathcliff, ou é provocada nos outros por alguma ação ou influência do mesmo. Então, quando Lockwood, no sonho, se torna cruel, é como se tivesse sido “possuído” pela influência de Heathcliff, ou como se tivesse assumido sua personalidade.

 

Além disso, não podemos deixar de fazer um paralelismo com a morte de Heathcliff, que recupera, no final, esta cena do início do livro. Falaremos sobre isso no próximo título.

 

Antes de tal, quero fazer mais uma ligação que parece sugerir que Lockwood, nos sonhos, experimenta uma espécie de incorporação de Heathcliff. No primeiro sonho, existe uma alusão ao pecado imperdoável, o quadringentésimo nonagésimo primeiro (491). Esta ideia vem da referência bíblica de que se deve perdoar até setenta vezes sete, o que faria com que o 491º pecado seria imperdoável. No sonho, Lockwood seria o culpado desse pecado. Porém, não existe motivo, no contexto da obra, para Lockwood ser um pecador imperdoável, mas existem motivos de sobra para atribuir essa conotação a Heathcliff. Para mim, este episódio é mais um dos que sugerem a força sobrenatural e demoníaca que Heathcliff exerce sobre todos ao seu redor.

 

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HEATHCLIFF – MORTE

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A morte de Heathcliff é descrita por Nelly assim:

 

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“Mr. Heathcliff jazia de costas. Estremeci ao ver os seus olhos, tão fixos e tão terríveis.. Parecia sorrir também.

Nem queria acreditar que estivesse morto, mas tinha a cara e o pescoço lavados de chuva; os lençóis e cobertores já pingavam para o chão e ele estava perfeitamente imóvel.

(…) afastei-lhe da testa os longos cabelos negros e tentei fechar-lhe os olhos, para fazer desaparecer, se possível, aquele olhar medonho e esgazeado, exultante e quase vivo, antes que mais alguém pudesse vê-lo. Mas os olhos resistiam, como se zombassem dos meus esforços, e zombeteiros eram também os lábios entreabertos e os dentes brancos, afiados!”

Nelly.

 

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Ambos, Catherine e Heathcliff, sorriem na morte, porém, Catherine é angélica, Heathcliff é demoníaco. Os lençóis encharcados de chuva evocam o sonho de Lockwood, em que era o sangue que os encharcava.

 

Outro elemento que deve ser salientado é a impressão de que, mesmo morto, Heathcliff parecia “quase vivo”. Nos últimos parágrafos da obra, Nelly transmite a Lockwood que “as gentes da região, se lhes perguntasse, jurariam sobre a Bíblia que ele anda por aí”. Temos então um Heathcliff morto, mas “quase vivo”, que “anda por aí”. Para mim, estas considerações finais reforçam a ideia de que Heathcliff não é uma pessoa, mas a representação do mal, que, como o Senhor ordena, cresce junto com o bem, trigo e joio misturados, até ao dia da colheita final.

 

 

 

A RECEPÇÃO DO ROMANCE​

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Este é um romance que poderá vir a exercer o seu magnetismo nos leitores por tempos intermináveis. Entre as fontes desse magnetismo, há que salientar o génio literário da autora, manifesto não só na maneira como vai revelando a história e intensificando o mistério, como também na própria expressão discursiva, marcada por uma veracidade incontestável. A exploração do espectro das emoções humanas revela sua profunda vida interior e perspicácia, e a construção dos diálogos demonstra um verdadeiro talento expressivo.

 

O livro caiu como um trovão no seio da sociedade vitoriana da época (1847), indignando as pretensões moralistas daqueles mais sensíveis aos formalismos religiosos. Publicada sob o pseudónimo Ellis Bell, a obra foi conotada como amoral, ou mesmo imoral, pois além de mostrar a mais obscura face humana em quase todas as personagens, retratava como personagem principal uma espécie de anti-herói de tipo byroniano, para o qual parecia não haver contraparte virtuosa, nem mesmo castigo, fosse humano ou divino.

 

Ao falar sobre a crítica negativa e tempestuosa que explodiu na época, os nossos contemporâneos por vezes limitam-se a condenar o facto de que a sociedade da altura demandava da arte um cânone superior, que servisse como exemplo de virtude, e consideram que essa não é a única forma de validar ou creditar uma obra.

 

Estamos vagamente de acordo. Para nós, uma obra não tem de ser representativa de virtude, de forma óbvia ou literal, para ser considerada virtuosa, mas não há como aceitar que o feio em si possa ser belo, ou que o mal em si possa ser virtuoso. O que pode acontecer é que a representação do mal ou do feio, enquadrada numa conjuntura moral que seja clara e definida, venha a conquistar valor artístico e virtuosismo pela sua honesta descrição de uma realidade, seja de forma literal ou de forma simbólica. É o que penso que acontece n'A Colina dos Vendavais.

 

A obra está claramente impregnada de uma estrutura moral, e ainda que faça uma crítica severa, mas verdadeira, ao falso moralismo de muitos pretensos cristãos, embora possa parecer heterodoxa, ela está mais próxima, por exemplo, daquilo que C.S. Lewis e G. K. Chesterton descrevem em suas respectivas obras, Cristianismo Puro e Simples e Ortodoxia. É por esta razão que disse acima que parecia não haver contraparte virtuosa, pois ela está lá. Há transversalmente a noção clara do bem e do mal, do certo e do errado. Além disso, existe a consciência nítida das tentações inevitáveis da vida humana, bem como a noção de que cada um é responsável por escolher suas ações e reações às circunstâncias, e assim constrói o seu destino.

 

A sensibilidade da sociedade da época ao mau, ao feio e ao estranho – elementos que decoram esta obra – provinha, talvez, de uma falta de coragem de enfrentar o mal real que existe no mundo e que é potencial no ser humano. Idealmente, a exigência de um cânone superior deve estar centrada na virtude, mas ciente da realidade. Dito de outro modo, não pode haver conquista da virtude onde não há consciência do mal, tampouco onde não há a aceitação de que o mal existe. Além disso, a virtude será sempre um ideal, um fim a ser perseguido e desejado, e dificilmente um facto concreto, acabado. A conquista da virtude é um acto diário. O pretenso moralismo que provém do medo reprimido do mal é apenas um fingimento. Daí, não penso que as críticas negativas da época vinham apenas da exigência de um cânone superior, mas sim desse medo do mal, medo de olhar o feio, de testemunhar que eles existem.

 

Emily Bronte, que viveu num momento de permanente adversidade, testemunhou uma grande dose da vida nos seus aspectos mais sombrios, assistindo à morte da mãe e de vários irmãos, às doenças constantes, ao alcoolismo e à adição, a intrigas, e com certeza a muito mais do qual não temos informação.

 

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Termino com a alusão ao primeiro verso de um poema da autora:

 

No coward soul is mine

No trembler in the world’s storm-troubled sphere

I see Heaven’s glories shine

And Faith shines equal arming me from Fear

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Escritora

FRANCISCA SILVA

Da sede de conhecer

Ao abraço do Ser

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