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O Nó de Víboras

1932

François Mauriac

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Feliz de quem lê este livro antes da velhice, pois além de ser um poderoso retrato da importância da verdadeira confissão, é testemunho das graves consequências do rancor e do silêncio auto-imposto. É um descrição fiel da teimosia pueril a que muitas vezes nos rendemos em meio às nossas adversidades conjugais e familiares. Revela o poder de destruição da palavra e ainda mais do silêncio. Mas, sobretudo, condena a negligência em que caímos por falta de coragem de enfrentar o sentimento do outro.

 

Os relacionamentos não amadurecem com o tempo, mas com a intimidade. Intimidade implica honestidade e coragem. O Nó de Víboras demonstra de forma brilhante como o factor tempo é menos ajudante de uma união matrimonial do que implacável com os corações dos envolvidos. O mesmo se aplica às ligações familiares próximas.

 

Esboçando uma família já quebrada antes de ter sido constituída, Mauriac trabalha, quase de forma catártica, sobre o elemento essencial da vida humana e da religiosidade cristã – o amor. Seguindo a história de Luís, somos convidados à reflexão que distingue o amor da expectativa, a comunicação da projecção, o acto religioso do acto de simulação.

 

O livro toma a forma de uma carta que Luís, que se encontra às portas da morte, escreve à sua esposa, para ser lida após o óbito. Luís é um náufrago, no sentido da imagem criada por Ortega Y Gasset. As suas preocupações, os seus pensamentos, os seus sentimentos, expressos nas palavras que regista no caderno, são “as ideias dos náufragos”, aquelas que realmente importam, pois são as únicas que pairam na consciência nos últimos momentos de uma pessoa. O confronto com a morte determina a proporção real dos inumeráveis problemas que enfrentamos ao longo da vida.

 

Luís escreve, abrindo-se numa honestidade crua, e assim vamos conhecendo a sua personalidade e tendo pistas sobre as dos seus familiares, especialmente a mãe, a esposa e os filhos. O que vemos sobre os seus familiares é sobretudo o que Luís pensa deles, e estes preconceitos vão mudando de forma à medida em que o autor, por estar num processo de confissão que se revela transformador, entra num contacto cada vez mais profundo com sua própria alma.

 

Luís apresenta-se desde o início como um céptico no que toca à religião, porém, na verdade, ele é um crítico do vazio religioso que segue sendo camuflado por formalismos e teatros. Condena, com razão, as pessoas que hipocritamente seguem o preceito quando estão expostas ao meio social, simultaneamente alimentando pensamentos e sentimentos destrutivos, o que está de acordo com a natureza do pecado.

 

Porém, não nos enganemos. Este é um homem que se furtou ao amor desde muito cedo, um homem que passou a vida imerso na “paixão da poupança”, para chegar à velhice e se ocupar, de forma neurótica, com a arquitectura da vingança contra os seus familiares. A confissão, a profunda e real confissão que pratica, quase sem se dar conta, leva-o então ao resgate da própria alma.

 

É principalmente por este último aspecto – embora não haja razões para estabelecer hierarquias aqui – que considero este um livro indispensável. Mauriac conhecia profundamente o drama e a condição humana. Suspeito que muitos “nós de víboras” poderão, a tempo, ser desfeitos com esta espada.

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Escritora

FRANCISCA SILVA

Da sede de conhecer

Ao abraço do Ser

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