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POR QUE A "OPINIÃO PÚBLICA" TANTO ODEIA BOLSONARO?

Francisca Silva

8 Setembro 2021

Cristo Redentor

Parece haver três razões principais que motivam o ódio da “opinião pública” a Bolsonaro. Duas delas estão ilustradas na sua frase icónica “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. São elas o patriotismo e o cristianismo. A última resume-se à defesa das reformas liberais na economia.

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Estas três razões, e especialmente as três juntas, surgem como uma afronta à mentalidade secular, globalista e assistencialista que parece esforçar-se por conquistar as consciências, combatendo pela hegemonia no espaço público. Esta batalha pela hegemonia torna claro que “opinião pública” não é sinónimo da opinião do povo, e nem mesmo da maioria. Em boa verdade, ela é uma palavra de ordem que emana de cima para baixo, ainda que travestida de opinião, interrogação, ou até da manipulação de factos, confiando que os ecos que se repetem por todo o espaço mediático gerarão a discussão nas camadas populares, finalmente trazendo à existência a síntese que já estava contida, em semente, no mote inicial.

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O ódio a Bolsonaro foi uma dessas sementes, emanadas de cima, que se veio a instalar progressivamente (embora com uma rapidez que a atitude crítica não pôde acompanhar) na percepção dos consumidores de informação. Mas quem se esforça em seguir os factos (e não apenas a “opinião pública”) que se desenrolaram nos últimos 3, 4 anos no cenário brasileiro, dificilmente poderá evitar a genuína estupefacção, quando confrontado com a desinformação com que a Europa tem sido alimentada no tocante a esse assunto.

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Este artigo não pretende desfazer as muitas mentiras e dissimulações com que temos vindo a ser manipulados, pois para isso precisaria de um livro, mas antes procura chegar a uma análise o mais próxima da verdade possível, e assim trazer pelo espírito crítico a compreensão que muito nos tem faltado.

 

Dizia então que eram três as razões do ódio mediático a Bolsonaro: o patriotismo, o cristianismo e o liberalismo económico.

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Optei pela palavra patriotismo (e não nacionalismo), que entendo simplesmente como amor e serviço à pátria, pois é ela que melhor representa a realidade do sentimento deste brasileiro, bem como da sua base eleitoral. A questão é, por que a “opinião pública” odeia o patriotismo? Admito que possa parecer uma questão infundada, visto que este é um valor que nos acompanha, mas atrevo-me a dizer que nos acompanha apenas nominalmente, por conveniência política. Desde o advento de Karl Marx, o sentimento patriótico tem vindo a ser desmoralizado, e até mesmo subvertido. O fundador do materialismo dialéctico via as nações como entidades temporárias que, mais cedo ou mais tarde, dariam lugar a uma “República Mundial”, na qual todos os “povos reaccionários” estavam destinados a perecer. Foi o fascismo italiano e o nacional-socialismo (ambos filhos do socialismo) que reabilitaram o sentimento patriótico, apenas para o perverterem num instrumento de dominação mundial. Bem vistas as coisas, tudo o que brotou do Movimento Revolucionário sempre tendeu (e sempre tenderá) para o imperialismo e para o totalitarismo.

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Se o nacionalismo e algumas formas de patriotismo passaram a ser oficialmente mal vistas após esses movimentos revolucionários, foi porque a “opinião pública” esvaziou essas palavras de sentido e injectou nelas a forma essencial do imperialismo. Não é preciso evocar Orwell para compreender o que digo. O que daí se seguiu foi a aceitação das massas de um projecto realmente imperialista, pela simples razão de ele não se denominar desse modo, mas ao invés, arrogar-se como a única força capaz de combater os tais nacionalismos. Falo do movimento mundial feito por políticos, meta-capitalistas e os seus idiotas úteis que pretende levar as democracias cada vez mais para a esquerda, apenas para desembocar no mais óbvio totalitarismo.

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Desta feita, quando o vulgo ouve palavras que lhe lembram alguma forma de nacionalismo (ainda que elas sejam de um genuíno patriotismo), é como o cão pavloviano, começa a salivar em trejeitos e caretas feias, abre a boca e repete qualquer que seja o insulto que está no trending do Twitter, ou, caso seja de idade mais avançada, o insulto que estava em voga no PREC.

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Então, por que a “opinião pública” odeia o patriotismo? Precisamente porque ele é uma força de combate ao imperialismo globalista, assim como o imperialismo globalista é uma força de combate às soberanias nacionais.

 

Vejamos agora o caso do cristianismo. É por demais complexo explicá-lo num artigo, e é um assunto que merece muito estudo, muita reflexão e muita coragem. O cristianismo, ainda que por umas centenas de anos tenha alcançado um lugar de destaque na sociedade, e ainda que seja um dos pilares da nossa civilização (se não o pilar), sempre teve os seus opositores, sempre foi, de algum modo, perseguido e difamado. Mas foi – note-se a coincidência – com o advento de Karl Marx que o cristianismo parece ter sofrido um dos últimos golpes.

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O marxista vê a religião como um instrumento da classe dominante. Foi assim que Marx e Engels, e posteriormente Lenine, foram descredibilizando o papel da religião na sociedade do seu tempo. Gramsci, ideólogo italiano, foi mais longe. Percebendo que o sentimento religioso faz parte da condição humana, impossível de ser aniquilado, sugeriu o que seria um verdadeiro sincretismo secular.

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E assim chegamos a um ponto crítico. Sem Deus, o homem perde a referência existencial, perde a fonte real dos valores que nos fazem florescer. Sem isso, o homem tem apenas a referência política, ideológica, e essa, como é bem claro na história, é essencialmente arbitrária. A “opinião pública” dos nossos dias odeia Deus pois não está disposta a viver segundo a Sua justiça.

 

Por fim, e este tema poderia encaixar-se também no âmbito do culto e da crença, as reformas liberais. Mais uma consequência do advento de Karl Marx foi, não só o fetichismo da mercadoria, mas também o fetichismo d'O Capital. Essa obra, vezes sem conta refutada por todos os pontos possíveis, ainda hoje exerce uma espécie de feitiçaria sobre certos sectores da sociedade. É certo que não o fez por si mesma. Toda a cultura do entretenimento, em conluio com uma parte da intelectualidade falante, conseguiu encaixar certos clichés no pensamento do povo, que hoje quase se pode caracterizar (generica e abstractamente) anti-capitalista “de fábrica”. Esta posição comum, na verdade inconsciente, não é mais do que a síntese que surgiu do confronto entre a moral cristã e a massificação da ideologia socialista, com o desmérito do cristianismo, claro.

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A triste realidade é que questionar o assistencialismo e a ideologia socialista hoje, é análogo a questionar um dogma da Igreja no tempo da sua hegemonia. O que daí resulta é o ostracismo, a marginalização, a demonização.

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E por que a “opinião pública” odeia as reformas liberais? Porque elas democratizam o mercado, abrem espaço para que qualquer um, em função da sua vontade e das suas capacidades, possa ascender em termos de riqueza e bem-estar. Mas o que realmente assusta a “opinião pública” é que esse liberalismo também abre espaço para que novas personagens entrem no cenário do poder, e isso é um risco que o establishment não pode correr.

 

Em suma, o ódio da “opinião pública” a Bolsonaro não é mais que uma posição ideológica, movida por interesses, e servida às massas como se fosse uma questão de princípio. Para compreender esta realidade, o leitor deve procurar informar-se pelas fontes mais próximas, deve saber o que de facto está a acontecer naquele país. Deve confrontar-se com a realidade de que o Brasil (como todos os países) sempre esteve em risco de ser engolido pelo gigante Movimento Revolucionário, que congrega as suas forças no infame Foro de São Paulo, e que os milhões – milhões! – de brasileiros que ontem, 7 de setembro de 2021, saíram às ruas, estão de facto a dizer “NOSSA BANDEIRA JAMAIS SERÁ VERMELHA!”

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Felizmente os tempos que vivemos sopram ventos de mudança, e o acesso à informação e à educação – para quem está realmente empenhado na busca da verdade – está mais próspero que nunca.

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Escritora

FRANCISCA SILVA

Da sede de conhecer

Ao abraço do Ser

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