A tendência para averiguar os assuntos relativos à psique humana não é uma prioridade para todos os humanos. Deixar-se conduzir pela curiosidade de uma alma insatisfeita, pelo desejo de uma entrega à transcendência pressupõe a existência de um sentido místico, sagrado, que agrega todas as coisas, seres e manifestações.

 

Ao abrir-se este espaço dentro do coração humano, adquire-se também a habilidade para perscrutar o incognoscível. Não se trata de uma inteligência no domínio do raciocínio, mas antes uma predisposição que se nutre pelo questionamento, pela investigação de e dentro de si mesmo. É como seguir o trilho que nos conduz de regresso a casa. A angústia de não estarmos inteiros aproxima-nos da fonte de sermos quem somos. No entanto, a maior parte de nós tem preferido a distracção, o esquecimento e o descuido de si mesmo.

 

Porém, quem poderá negar a ânsia de vivenciar a completude? Quem não deseja ir descendo cada vez mais profundamente para dentro de si mesmo, como quem se abeira do abismo, e chegando à realidade última reconhece afinal que a verdade esteve sempre ali, acessível e simples: a de saber que o que nos separa do que somos é o que pensamos ser.

 

E se nutrirmos a conexão de quanto se situa para além do mundo faremos emergir o imensurável e, por conseguinte, a necessidade de pôr em causa os conceitos que limitam a percepção da realidade e da nossa identidade. Somos o que pensamos? Somos o que sentimos? Quem somos?

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